sexta-feira, 16 de março de 2012
Início do fim ou um recomeço
Quando ela chegou, estava tudo na mais perfeita ordem. Eu, uma menina com 15 anos, cursando o último ano do ensino fundamental, namorando à 2 anos com um garoto bem legal, pelo qual estava apaixonada, mas, na verdade estávamos numa fase meio de crise. Meu dia era bem comum, fazia as obrigações de casa, arrumar, cuidar da irmã caçula que inclusive me chamava de mãe rsrsrs, ir à escola, estudar, final de semana cumpria minhas tarefas religiosas, evangelizava (sou espírita e evangelizava na instituição que frequento até hoje).Ah! Também estava começando a treinar o Handeibol e estava adorando o esporte. Dançar, também era algo que adorava fazer. Faxinar com o som bem alto, tocando pagode, axé, samba, qualquer coisa que mexesse o esqueleto e me fizesse sentir prazer em arrumar a bagunça da casa.Pela manhã, ao acordar, ela era a primeira visita. E passou a vir me visitar todos os dias, até se tornar constante a sua presença. Ela, a DOR. No decorrer do dia, ela ia embora e eu a esquecia. Depois, passou a demorar mais tempo. Até um dia em que não consegui me levantar da cama, fui ao hospital, na emergência, me medicaram e mandaram embora. E melhorei. Mas era apenas o início de toda uma mudança de vida. Marquei uma consulta, com um ortopedista, porque na época, nesse hospital não tinha reumatologista, que é o especialista em doenças reumáticas. O ortopedista me receitou anti-inflamatório e pediu exames pra poder diagnosticar.Levei os exames e ele continuou na dúvida. Ele, na verdade estava entrando numa praia que não era a dele. Mas isso foi o de menos, porque depois me encaminhou pra um clínico que era especializado... em GASTROENTEROLOGIA ( médico do sistema digestivo), aí sim! TUDO A VER!!! rsrsrsrs Esse Gastro, me receitou medicamento à base de corticoide, anti-inflamatórios, me disse que não era necessário encaminhar ao Reumato porque o tratamento seria o mesmo que ele estava fazendo. E ela? A DOR? Onde estava a essa altura do campeonato? Ah! Já estava em todas as minhas articulações. De início, o corticoide deu uma mascarada na doença, aliviava as dores, mas não continha a doença em seu processo degenerativo. O Sr. Dr Gastro, a medida que as dores aumentavam, aumentava a dose do corticoide, até que nessa briga DOR X CORTICOIDE quem venceu foi ele, o corticoide e quem perdeu? MEU CÉREBRO.Você deve estar se perguntando: E a dor? a briga não era entre ela e o corticoide? O que seu cérebro tem a ver com isso? A dor estava ali, menos intensa, mas estava. E com a dose alta do corticoide, entrei num processo de surto psicótico. Passei a não reconhecer meus familiares, não dormia, não falava coisa com coisa e às vezes passava um bom tempo muda, estática, com o olhar distante, enfim: fora de mim. E o médico? O que dizia? Ah! Quando minha mãe falou pra ele que vinha notando que eu estava super estranha ele disse: Isso é do remédio, é normal, é assim mesmo. Me tratei, 2 meses com um psiquiatra, esse suspendeu de imediato o corticoide e passei a fazer uso de vários psicotrópicos, pra reverter o surto. Voltei ao normal (apesar do meu irmão dizer que até hoje não bato bem das idéias, mas é intriga da oposição) e ela, a dor, veio com toda força do mundo até porque eu não estava fazendo nenhum tratamento para a artrite. Nem tinha recebido o diagnóstico.Quando recebi alta do tratamento psiquiátrico, fui encaminhada para um reumatologista. Esse era o especialista para o meu caso. E fui. Nos braços do meu pai, porque não andava, pesando 39kg, devido à anorexia e depressão, efeito dos psicotrópicos e várias deformidades nas articulações das mãos, tornozelos...Passei 15 dias internada para ficar mais fácil os exames e aí sim tive o diagnóstico de ARTRITE REUMATOIDE JUVENIL. Pra mim, foi o início do fim de uma vida "normal", porém um começo de uma nova etapa de aprendizado com ela. Aprendi a conviver, aceitá-la do jeitinho que ela vem, me pedindo pra ir além, e em outras vezes me pondo freio. Isso que é amiga, não é mesmo amiga DOR?
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